QUALIDADE DO SONO EM IDOSOS DURANTE A PANDEMIA

by crigus

QUALIDADE DO SONO EM IDOSOS DURANTE A PANDEMIA

SLEEP QUALITY IN ELDERLY PEOPLE DURING PANDEMIC

CALIDAD DEL SUEÑO EN PERSONAS MAYORES DURANTE UNA PANDEMIA

Cátia M. Evangelista Ribeiro do Valle
Eduardo L. Ribeiro do Valle
Luiza Elena L. Ribeiro do Valle

QUALIDADE DO SONO EM IDOSOS DURANTE A PANDEMIA

Resumo
A ansiedade provocada pela pandemia, a diminuição dos exercícios físicos por causa do confinamento e doenças pré-existentes podem alterar o sono dos idosos neste período. Este trabalho tem como objetivo refletir sobre a qualidade do sono do idoso durante a pandemia por Covid-19, especialmente em saúde mental. A pesquisa de caráter exploratório descritivo, online, com 62 sujeitos, com idade média 70 anos, sendo 52 (83%) do gênero feminino, precedido pelo Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram utilizados o Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (IQSP), Escala de Sonolência de Epworth (ESP), Inventário de Ansiedade de Beck (BAI) e Escala de Depressão Geriátrica em sua versão curta (EDG-15). Verificou-se má qualidade do sono e indícios de depressão, evidenciando a necessidade de cuidados com o grupo de idosos, nas condições de pandemia e mais estudos voltados para estes atendimentos.
Palavras-chave: Envelhecimento, Qualidade do sono, Depressão e Ansiedade.

SLEEP QUALITY IN ELDERLY PEOPLE DURING PANDEMIC

Abstract
The anxiety caused by the pandemic, the decrease in physical exercises due to confinement and pre-existing diseases can alter the sleep of the elderly during this period. This work aims to reflect on the quality of sleep of the elderly during the Covid-19 pandemic, especially in mental health. The exploratory descriptive research, online, with 62 subjects, with an average age of 70 years, 52 (83%) of which were female, preceded by the Free and Informed Consent Term. The Pittsburgh Sleep Quality Index (IQSP), Epworth Sleepiness Scale (ESP), Beck Anxiety Inventory (BAI) and Geriatric Depression Scale in its short version (EDG-15) were used. There was poor quality of sleep and evidence of depression, showing the need for care with the group of elderly people, in pandemic conditions and more studies aimed at these services.
Keywords: Aging, Sleep Quality, Depression and Anxiety.

CALIDAD DEL SUEÑO EN PERSONAS MAYORES DURANTE UNA PANDEMIA

Resumen

La ansiedad provocada por la pandemia, la disminución de los ejercicios físicos por el encierro y las enfermedades preexistentes pueden alterar el sueño de los ancianos durante este período. Este trabajo tiene como objetivo reflexionar sobre la calidad del sueño de los ancianos durante la pandemia de Covid-19, especialmente en salud mental. La investigación exploratoria descriptiva, en línea, con 62 sujetos, con una edad promedio de 70 años, 52 (83%) de los cuales eran mujeres, precedida del Término de Consentimiento Libre e Informado. Se utilizaron el índice de calidad del sueño de Pittsburgh (IQSP), la escala de somnolencia de Epworth (ESP), el inventario de ansiedad de Beck (BAI) y la escala de depresión geriátrica en su versión corta (EDG-15). Hubo mala calidad del sueño y evidencia de depresión, evidenciando la necesidad de atención con el grupo de ancianos, en condiciones de pandemia y más estudios dirigidos a estos servicios.
Palabras clave: Envejecimiento, Calidad del sueño, Depresión y Ansiedad.

INTRODUÇÃO

Na área do envelhecimento, a má qualidade do sono é um dos problemas de extrema importância. O mundo vem sofrendo, atualmente, com a pandemia por COVID-19, causando, além dos problemas de saúde comuns neste período da vida, distúrbios da saúde mental, o que aumenta os níveis de depressão e ansiedade.
Dentro deste contexto, o objetivo do presente trabalho foi verificar se a pandemia prejudicou a qualidade do sono dos idosos, considerando que uma noite mal dormida pode acarretar comprometimentos físicos, cognitivos e emocionais, podendo, também, aumentar a incidência de depressão e ansiedade em todos os níveis etários.

REVISÃO TEÓRICA

O envelhecimento da população é um triunfo da humanidade e, também, um dos grandes desafios (WHO, 2005). Em 1960, havia 3 milhões de idosos no país e, em 2008, chegou a 20 milhões. Segundo Ferreira et al. (2010), em 2025 o Brasil terá uma proporção de, aproximadamente, 14% da sua população formada por idosos, ou seja, cerca de 32 milhões de indivíduos (Veras, 2009). A feminização da velhice é resultante da maior taxa de mortalidade masculina decorrente de problemas circulatórios, doenças associadas ao tabagismo, alcoolismo e causas externas, como mortes violentas.
É considerado idoso o indivíduo que possui idade igual ou superior a 60 anos (OMS, 2020). Além da idade, o envelhecimento é caracterizado como um processo múltiplo, no qual diferentes sistemas do organismo envelhecem em tempos e ritmos diferentes. Assim, no envelhecimento, segundo Neri (2007), há perdas normativas (perdas esperadas para acontecerem durante o processo de envelhecimento de uma pessoa) de capacidades físicas e cognitivas havendo, também, um aumento da probabilidade de ocorrência de doenças crônicas.
Segundo Papaléo Netto (2002), o envelhecimento pode ser entendido como um processo contínuo de deterioração biológica que se inicia no nascimento e tem o término com a morte. No envelhecimento também ocorrem mudanças caracterizadas pela diminuição do horizonte temporal causando a necessidade de lidar com a própria mortalidade. Vivencia-se o luto por morte de parentes, cônjuge e amigos. Também as redes sociais se tornam mais restritas, porém mais fortes. Ou seja, vivenciam-se alterações nos aspectos físicos, biológicos e sociais.
Diante de algumas perdas que ocorrem na velhice, ela pode ser caracterizada como uma etapa de marginalização e preconceito acompanhado de estereótipos de alguém ultrapassado, desgastado e incapaz. Ou seja, além das mudanças que vivencia, o idoso é vítima de exclusão social na sociedade capitalista que valoriza o trabalho, a juventude e a produção.
Sobre as alterações características dessa fase do desenvolvimento, Freitas et al (2006) categoriza três tipos de envelhecimento: normal, patológico e bem-sucedido.
a) É considerado envelhecimento normal todo o processo biológico involuntário e inerente ao organismo e que sofre influências psicossociais. Nesta etapa, há prejuízos mais significativos não qualificados como doença, além de perdas normativas ao processo de envelhecimento. Possuindo como características, segundo Papália e Olds (2000), e que ilustram o aparecimento de perdas normativas, cabelos brancos, alterações na pele, como aparecimento de rugas, diminuição da força física, da velocidade na realização das atividades e a calvície. Para Neri e Yassuda (2004), podem ser desenvolvidas doenças somáticas crônicas, que devidamente controladas, podem não influenciar de maneira incisiva na qualidade de vida e na funcionalidade.
b) O envelhecimento patológico refere-se a uma somatória de fatores genéticos e psicossociais desfavoráveis. Nestes casos, ocorre uma associação do fenômeno patológico com os efeitos e alterações fisiológicas próprias do envelhecimento normal. Papália e Olds (2000) acrescentam, como fazendo parte do envelhecimento patológico, o resultado das comorbidades e o negligenciamento de fatores de risco como os hábitos e estilos de vida saudáveis.
c) Por outro lado, o envelhecimento bem-sucedido é entendido como o processo de envelhecimento isento de danos causados por hábitos de vida inadequados, ambientes inapropriados e doenças. Nesse envelhecimento, há baixo risco de adoecimentos e de incapacidades funcionais relacionadas às doenças. Os funcionamentos mentais e físicos são excelentes; o idoso continua envolvido ativamente com a vida. Também é denominado por envelhecimento ativo.

Segundo a OMS (2002), citada por Freitas et al (2006), o Envelhecimento Ativo permite que as pessoas percebam seu potencial biopsicossocial ao longo do curso de suas vidas, além de continuarem a ter uma participação nas questões sociais, econômicas, espirituais e civis e não somente a capacidade de estar fisicamente ativo ou de fazer parte da força de trabalho. Também pode ser citado como “envelhecimento saudável”. Recebe esta nomenclatura pelo fato de a saúde não ser entendida como ausência de doença, mas com o bem estar físico, psicológico e social.
O objetivo do envelhecimento ativo, segundo a OMS (WHO, 2005), é aumentar a expectativa de uma vida saudável e a qualidade de vida para todas as pessoas que estão envelhecendo, inclusive as frágeis, fisicamente incapazes e que requerem cuidados. Manter a autonomia e independência durante o processo de envelhecimento é uma meta fundamental para os indivíduos. Ainda segundo a OMS (WHO, 2005), existem determinantes que afetam diretamente no envelhecimento ativo, sendo eles: cultura, gênero, serviços sociais e de saúde, ambiente físico, situação social, econômica, comportamental e pessoal. Em síntese, pensar em envelhecimento ativo é levar em consideração todo o processo de desenvolvimento do indivíduo. É a continua busca pelo bem-estar, pela saúde física e psíquica.
Sabe-se que dentre os fatores psicológicos, biológicos e sociais que podem limitar o envelhecimento ativo, destacam-se os distúrbios do sono. Sono tem sido definido, segundo Reimão (2008), como um estado fisiológico complexo, que requer uma integração cerebral completa, durante a qual ocorrem alterações dos processos fisiológicos e comportamentais. É um estado descontínuo, organizado em fases que se diferenciam por traçados eletroencefalográficos específicos.
De acordo com Reimão et al. (2010), o sono é uma função fisiológica de fundamental importância para uma boa qualidade de vida das pessoas. É regulador das condições de saúde e grande responsável pelo desempenho físico e psíquico. Tem influência na coordenação motora, na capacidade de raciocínio e de memória, no humor e na performance cognitiva, além da regulação hormonal, da recuperação física e do crescimento, bem como da temperatura corporal.
Vilas Boas e Valladares Neto (2007) descrevem a importância do sono na manutenção da vida, pois todas as funções do cérebro e do organismo, em geral, são influenciadas pela alternância vigília/sono, sendo o sono o responsável para as condições saudáveis da vigília. Reimão et al. (2010) acrescenta que o sono tem uma função restauradora, ou seja, o sono permite recuperar a energia consumida durante a vigília, a qual promove a síntese de substâncias importante para o funcionamento e o desenvolvimento das funções vitais, além de proporcionar a restauração completa da mente e do corpo, sendo importante também para a memória. Durante o sono, apagam-se as memórias desnecessária e consolidam as memórias importantes.
A duração do tempo do sono é variável, diminuindo progressivamente conforme a idade. Nota-se que os recém-nascidos dormem de 19 a 20 horas e, a partir dos 60 anos, este tempo é de, aproximadamente, seis horas. (Valle et al. 2009).
Outro fator que controla a necessidade fisiológica do sono é o ritmo circadiano do sono e vigília, que é definido como o ritmo de distribuição de atividades biológicas, ou seja, são os reguladores do tempo existente em cada indivíduo, o qual é controlado pelo sistema nervoso central e sofre influência de fatores ambientais (luz, temperatura) e sociais (higiene do sono) (REIMÃO et al. 2010). Existem vários distúrbios que podem ocorrer durante o sono, que ocasionam sua fragmentação, comprometendo o desempenho e a qualidade de vida e facilitam o surgimento de doenças e de acidentes em geral.
Os distúrbios do sono são divididos em oito categorias, conforme a Classificação Internacional do Sono (2014), sendo: Insônia; Distúrbios respiratórios relacionados ao sono; Hipersonias; Distúrbios do ritmo circadiano do sono; Parassonias; Distúrbios do movimento relacionados ao sono; Sintomas isolados, variantes aparentemente normais e de importância não resolvida e outros distúrbios.
Com a pandemia por COVID-19, decretada pela OMS em 11 de março de 2020, devido à disseminação desta doença em cinco continentes, foi adotado o distanciamento social, entre outras medidas (OMS 2020). Porém, o distanciamento para muitas pessoas, principalmente para os idosos, significa um isolamento do convívio social – que pode acarretar a depressão e a ansiedade, prejudicando a qualidade do sono, em especial nessa faixa etária.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de campo de caráter descritivo e exploratório que utiliza a análise e interpretação dos dados levantados por meio de um formulário online (https://www.survio.com/survey/d/J7L7B0L7X1K0K4T9E), baseado no objetivo da pesquisa – que foi verificar se a pandemia causou danos à qualidade do sono dos participantes.
Para a realização do estudo foi utilizado o seguinte critério de inclusão: o sujeito teria que informar uma idade igual ou superior a 60 anos, independente do gênero.
A pesquisa foi realizada de forma online com participantes dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Os sujeitos foram captados por meio de convite utilizando o modelo de snow ball, realizado pela mídia social (WhatsApp), que aceitaram participar da pesquisa, após convite feito, também de modo online, nos moldes de um TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, previamente ao preenchimento do formulário desta pesquisa e seguindo os preceitos da Declaração de Helsinki.
Para a coleta de dados foram utilizados os seguintes instrumentos com suas respectivas escalas: Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (IQSP), Escala de Sonolência de Epworth, Inventário de Ansiedade de Beck (BAI) e Escala de Depressão Geriátrica em sua versão curta (EDG-15).
A Escala de Sonolência de Epworth foi descrita por Johns, em 1991, de fácil aplicação, utilizada para avaliar a sonolência diurna. Consiste em oito questões que descrevem situações diárias que podem induzir à sonolência. Cada questão é graduada de 0 a 3 pontos, sendo que escores acima de 10 são sugestivos de sonolência diurna significativa e estão associados à sonolência patológica presente em condições específicas, tais como Apneia do sono e Narcolepsia. Por vezes, o resultado é melhor, quando a (o) companheira (o) ajuda nas respostas.
O Índice da Qualidade do Sono de Pittsburgh (IQSP) foi utilizado para avaliar a qualidade subjetiva do sono, sendo um instrumento com confiabilidade e validade previamente estabelecidas. Este questionário é composto por 19 itens, que são agrupados em sete componentes, cada qual pontuado em uma escala de 0 a 3. Os componentes são, respectivamente: (1) a qualidade subjetiva do sono; (2) a latência do sono; (3) a duração do sono; (4) a eficiência habitual do sono; (5) as alterações do sono; (6) o uso de medicações para o sono e (7) a disfunção diurna. Os escores dos sete componentes são somados para conferir uma pontuação global do IQSP, a qual pode variar de 0 a 21. Pontuações de 0-4 indicam boa qualidade do sono, de 5-10 indicam qualidade ruim e acima de 10 indicam possibilidade de distúrbio do sono.
Já o Inventário de Ansiedade de Beck (BAI) é um questionário de auto relato, com 21 questões de múltipla escolha, utilizado para medir o grau de ansiedade do sujeito. A pontuação varia de 0 – 63. Pontuações de 0-10 indicam grau mínimo de ansiedade, de 11-19 indicam ansiedade leve, de 20-30 indicam ansiedade moderada e de 31-63 indicam ansiedade severa.
A versão reduzida da Escala de Depressão Geriátrica (EDG-15) conta com 15 questões auto aplicadas, com as possibilidades de repostas (Sim ou Não). Possui uma variação de resposta de 0 a 15 pontos e escores acima de 5 indicam depressão.
Os dados obtidos na presente investigação foram analisados por meio da estatística descritiva e inferencial.

RESULTADOS

A pesquisa foi iniciada com 72 sujeitos que aceitaram participar do estudo, porém, considerando os critérios de inclusão, foi realizada com 62 sujeitos, com idade média 70,04, sendo 52 (83%) do gênero feminino e 10 (17%) do gênero masculino. Como se observa na tabela 01 a existência da má qualidade do sono, na tabela 2, de indícios de ansiedade e, na tabela 3, de indícios de depressão, estes distúrbios são mais frequente nas mulheres, mas estes dados podem ser reflexos do pequeno número de participantes do sexo masculino no presente estudo.

Tabela 01 – Comparativo entre o sexo dos participantes e a má qualidade do sono
Gênero

Sono – Má qualidade Masculino Feminino
Não 06 33
Sim 04 19
Total 10 52

Verifica-se que, dos 52 sujeitos entrevistados do gênero feminino, 19 (36%) apresentaram má qualidade do sono e 33 (64%) dos sujeitos não apresentaram o distúrbio. Do gênero masculino, 04 (40%) apresentaram má qualidade do sono e 06 (60%) dos sujeitos não.

Tabela 02 – Comparativo entre o sexo dos participantes e incidência de ansiedade
Gênero

Sono – Má qualidade Masculino Feminino
Não 09 41
Sim 01 11
Total 10 52

Nota-se que, dos 52 sujeitos entrevistados do gênero feminino, 11 (21%) apresentaram ansiedade e 41 (79%) dos sujeitos não apresentaram o distúrbio. Dos 10 sujeitos do gênero masculino, 01 (10%) apresentaram ansiedade e 09 (90%) dos sujeitos não apresentaram.

Tabela 03 – Comparativo entre o sexo dos participantes e incidência de depressão
Sexo

Má qualidade de sono Masculino Feminino
Não 09 40
Sim 01 12
Total 10 52

Dos 52 sujeitos entrevistados do gênero feminino, 12 (23%) apresentaram índice de depressão e 40 (77%) dos sujeitos não apresentaram o distúrbio. Dos 10 sujeitos do gênero masculino, 01 (10%) apresentaram depressão e 09 (90%) dos sujeitos não apresentaram.
Em relação ao estado civil, 40 (64,5%) eram casados, 11 (17,7%) viúvos, 8 (12,9%) separados/divorciados e 3 (4,8%) solteiros. O gráfico a seguir apresenta mais detalhes.

Tabela 04 – Comparativo entre o estado civil dos participantes e a má qualidade do sono
Estado Civil
Má qualidade do sono Casado Viúvo Solteiro Separado
Não 22 06 02 05
Sim 18 05 01 03
Total 40 11 03 08

Verifica-se que, dos 40 sujeitos entrevistados casados, 18 (45%) apresentaram má qualidade do sono e 22 (55%) dos sujeitos não apresentaram o distúrbio. Dos 11 viúvos que participaram da pesquisa, 5 (45%) apresentaram má qualidade do sono e 6 (55%) não apresentaram o distúrbio. Dos 03 sujeitos entrevistados solteiros, 01 (33%) apresentou má qualidade do sono e 02 (67%) não apresentaram o índice. Com relação aos 8 entrevistados separados, 3 (37,5%) não possuem distúrbio do sono e em 5 (62,5%) verificou-se o distúrbio.
Os sujeitos do estudo informaram que 17 (27,4%) residem sozinhos e 45 (72,6%) residem com parentes. E, dos 62 entrevistados, 47 (75,8%) não utilizam medicamentos para induzir o sono e 15 (24,2%) utilizam medicamentos. No que se refere à relação sono e pandemia, 56,5% dos sujeitos afirmaram que a pandemia afetou o sono – tendo sido referido, entre esses, por 24 (38,7%) ter afetado pouco, 9 (14,5%) ter afetado razoavelmente e 2 (3,3%) ter afetado muito e 27 (43,5%) dos sujeitos afirmaram que a pandemia não afetou o sono.
Com relação aos resultados obtidos através da Escala de Sonolência de Epworth, ocorreu uma variação do resultado dos participantes de 0 a 21, sendo que quinze, dos sessenta e dois sujeitos, foram identificados como portadores de sonolência excessiva diurna, que é caracterizada por resultados acima de 10. Este resultado sugere a possibilidade de o indivíduo possuir alguma doença como Narcolepsia ou Apneia, porém somente com a aplicação do teste as doenças não podem ser confirmadas, sendo necessária a realização de outras análises, como o exame clínico para a constatação do tipo de distúrbio. A tabela a seguir apresenta estas informações com mais detalhe.

Tabela 05 – Avaliação da frequência Escala de sonolência dos 41 participantes

Escala de Sonolência Frequência
Sim 13
Não 47
Total 62

Assim, dos 62 sujeitos, 13 (21%) deles foram identificados como possíveis portadores de sonolência excessiva diurna e com 49 (79%) não foi encontrado distúrbio de sonolência excessiva diurna. Em relação aos resultados obtidos pelo inventário Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (IQSP), ocorreu uma variação de resultados de 01 a 18, do qual 12 (19,3%) obtiveram índice superior a 05, o que caracteriza má qualidade do sono para esse percentual de sujeitos. Para o restante dos sujeitos, em 50 (80,7%) não foi encontrado distúrbio na qualidade do sono. Na tabela 02 verificam-se as informações do ISQP.

Tabela 06 – Avaliação da frequência do Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh dos 62 participantes

IQSP Frequência
Sim 12
Não 50
Total 62

Quanto ao Inventário de Ansiedade de Beck (BAI), a variação das respostas foi de 0 a 3, destacando-se, de maneira mais pontual, 12 (19,3%) dos sujeitos que apresentaram índice superior a 20, que engloba graus de ansiedade moderada e severa. No restante dos sujeitos, 50 (80,7%) não foi identificado sinal de ansiedade. Na tabela 03 verificam-se as informações do BAI.

Tabela 07 – Avaliação da frequência do Inventário de Ansiedade de Beck (BAI), dos 62 participantes

BAI Frequência
Sim 12
Não 50
Total 62

Já em relação à Escala de Depressão Geriátrica versão curta (EDG-15), 13 (21%) dos sujeitos apresentaram índices de depressão. Para o restante dos sujeitos, 49 (79%), não foi identificado sinal de depressão. Na tabela 04 verificam-se as informações com mais detalhes.

Tabela 08 – Avaliação da frequência Escala de Depressão Geriátrica versão curta (EDG-15), dos 62 participantes

EDG-15 Frequência
Sim 13
Não 47
Total 62

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pelos resultados obtidos, observou-se que, devido à pandemia de COVID-19,
a) para os sujeitos desta investigação, houve associação positiva no que se refere à piora da qualidade do sono,
b) houve o aumento do índice de depressão e de ansiedade nos idosos.

Pelos resultados colhidos também observou-se a importância de se ter uma qualidade de sono adequada na terceira idade, pois o idoso, que se caracteriza como tendo o distúrbio do sono, pode apresentar vários déficits dos tipos: motores, cognitivos e psicológicos, afetando, de um modo geral, a sua qualidade de vida.
O sono, como sendo algo fundamental para uma qualidade de vida satisfatória, é necessária a realização de ações preventivas e educativas sobre distúrbios do sono como forma de se prevenir e orientar o idoso a fim de promover um melhor bem-estar a eles.
De um modo geral, esta pesquisa tem grande relevância, pois estimula a discussão sobre envelhecimento, qualidade e distúrbios do sono e fatores que podem intervir nesse processo, tal qual o isolamento social decorrente de situações como a vivenciada com a pandemia por COVID-19. Além disso, a pesquisa destacou a premente necessidade de se ampliar os estudos nesta área do conhecimento, haja vista a escassez de pesquisas encontradas até o momento, principalmente por se tratar de um grupo populacional em amplo crescimento no mundo, tanto no campo da psicologia quanto da medicina.

REFERÊNCIAS

Ferreira, OGL; MACIEL, SC; SILVA, AO; SANTOS, WS e MOREIRA, MASP. (Dez, 2010). O envelhecimento ativo sob o olhar de idosos funcionalmente independentes. Revista Texto & Contexto, Enfermagem USP, vol.44, no 4, p.1065-1069.
NERI, AL. (2007). Idosos no Brasil. vivências, desafios e expectativas na terceira idade. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo. Edições SESC.
Papaléo Netto, M. (2002). O Estudo da Velhice no Século XX: histórico, definição do campo e termos básicos. In: FREITAS, Elizabete Viana de et al. Tratado de geriatria e gerontologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
Reimão, R. (Ed.). (2008). Sono: clínica, pesquisa e ensino. São Paulo: Associação Paulista de Medicina.
Reimão, R; Valle, LELR; Rossini, S e Valle ELR. (2010). Sono & Saúde. Ribeirão Preto – SP: Novo Conceito Editora.
Valle, LELR; Zarebski, G e Valle ELR. (2009). Neurociência na melhor idade: aspectos atuais em uma visão interdisciplinar. Ribeirão Preto, SP: Novo Conceito Editora.
Veras, R. (Jun, 2009). Envelhecimento populacional contemporâneo: demandas, desafios e inovações. Revista de Saúde Pública, vol.43, no.3, p.549.
Vilas Boas, LMA; NETO VALLADARES, DC. (2007). Fisiologia do Sono. In: Reimão, R. Medicina do Sono: Neurociências, Evolução e Desafios. São Paulo: Associação Paulista de Medicina.
World Health Organization. (2005) Envelhecimento ativo: uma política de saúde. tradução Suzana Gontijo. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde. 60p.: il.

OS AUTORES

Cátia M. Evangelista Ribeiro do Valle
Psicóloga pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Especialista em Neuropsicologia. Autora de artigos e capítulos em livros científicos.
E-mail: caevanja@hotmail.com

 

Eduardo L. Ribeiro do Valle
Neurologista, membro titular da Academia Brasileira de Neurologia, Doutorando em Neurociências na FMUP, Mestrado em Medicina, ICBAS, Portugal. Professor da Faculdade de Medicina, UNIFAE e no Curso de Medicina da PUC Minas/Poços de Caldas.
E-mail: edurlvalle@gmail.com

 

Luiza Elena L. Ribeiro do Valle
Psicóloga, Mestre em Psicologia Educacional (PUCC). Doutora em Ciência (IP/USP/SP). Especialização em Psicologia do Sono. Presidente de Honra do Instituto de Neurociências e Tecnologia MRValle. Pesquisadora, escritora e autora de livros e artigos científicos.
E-mail: luizaelrvalle@gmail.com

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